
Mau cheiro, moscas, ratos e urubus, ao lado de crianças e adultos, vasculham pilhas e pilhas de lixo jogados a céu aberto, sem controle e tratamento. Esta ainda é a situação observada hoje em quase 3 mil lixões que, apesar de proibidos por lei, permanecem em operação e acarretam graves problemas ambientais e de saúde pública no Brasil. Desses, pelo menos 98 estão ativos na região Sul, 356 no Sudeste; 342 no Centro-Oeste; 390 no Norte e 1.426 no Nordeste, onde está a maior concentração de lixões. Os dados são da Abetre (Associação Brasileira de Empresas de Tratamento de Resíduos e Efluentes).
Aprovada há quase 11 anos para combater o problema, a PNRS (Política Nacional de Resíduos Sólidos) determinou que todos os vazadouros clandestinos de lixo a céu aberto fossem encerrados até 2014. O problema e o trabalho, no entanto, continuam.
Desde 2019, 645 lixões foram fechados no Brasil, o que representa uma queda de 20% destes locais no período. Implantado no Brasil para reverter esse panorama, o Marco do Saneamento Legal, criado em julho de 2020 por meio da Lei 14.026, tem como meta alcançar a universalização dos serviços de saneamento básico até 2033, garantindo que 99% da população brasileira tenha o à água potável e 90% ao tratamento e à coleta de esgoto. Foram definidas, também, regras voltadas para drenagem urbana e manejo de resíduos sólidos urbanos.
A Abetre ressalta que o Lixão Zero e o Marco Legal do Saneamento Básico viabilizaram o que parecia quase impossível há alguns anos: a construção de mais de 500 aterros sanitários regionais em todo o Brasil. O crescimento dessas estruturas, verdadeiras obras de engenharia, onde a área que recebe o lixo é preparada com seu solo nivelado e impermeabilizado para que nenhuma substância possa contaminá-lo ou atingir os lençóis freáticos, possibilita a destinação inteligente dos resíduos e minimiza o impacto destes rejeitos no meio ambiente.
O Brasil produz cerca de 80 milhões de toneladas de lixo anualmente e 50% deste volume ainda são destinados a locais de despejo ilegal
Diferenças entre os lixões e os Centros de Gerenciamento de Resíduos (aterros sanitários) 5dm4w

A operação dos aterros sanitários oferece soluções tecnológicas para receber e processar os RSU (Resíduos Sólidos Urbanos) produzidos nas cidades, destinando de modo adequado restos de alimentos, entre outros materiais rejeitos. Referência em soluções tecnológicas para gestão de resíduos, água e energia para cidades e indústrias, a Veolia – multinacional sa – atua em Santa Catarina com a gestão de três CGRs (Centro de Gerenciamento de Resíduos): Biguaçu, Brusque e Blumenau.
O diretor de Gestão de Resíduos e Limpeza Urbana em Santa Catarina da Veolia Brasil, Hanokh Yamagishi, destaca que o mais importante é esclarecer que o aterro sanitário é construído de modo a receber rejeitos de forma segura para o meio ambiente, minimizando os impactos ambientais.
“O lixão é um local totalmente irregular e causa prejuízos imensuráveis ao meio ambiente. Já o aterro sanitário, além do licenciamento ambiental, tem todos os documentos e alvarás necessários para seu funcionamento, equipe técnica especializada, gera emprego e renda”.
Yamagishi reforça que no país, apesar das iniciativas implementadas para solucionar a questão, houve pouca mudança até o momento. “Apesar da recém evolução, ainda há muitos locais irregulares e a implementação de um mecanismo de cobrança específico para custear a gestão de resíduos sólidos dos municípios, seja por taxa ou tarifa, é imprescindível para a reversão deste cenário”, analisa o diretor regional da Veolia no estado.
A gerente de engenharia da Veolia Brasil, Fernanda Vanhoni, esclarece que no lixão, que não é uma área preparada para recebimento de resíduos, existe a contaminação de cursos d’água, águas subterrâneas, solo e ar, o que causa impacto direto na saúde das pessoas, causando, por exemplo, problemas pulmonares, intoxicações, diarréias frequentes, verminoses e muitas outras doenças.
Já no aterro sanitário, o solo é impermeabilizado com argila compactada e manta de PEAD (Polietileno de Alta Densidade), impossibilitando que exista contaminação das águas subterrâneas. “Todo o gás gerado é drenado e queimado, o chorume (aquele líquido escuro que sai do lixo) é todo drenado e tratado antes de ser encaminhado para cursos d’água. Toda a área é monitorada, com poços de monitoramento de água subterrânea, pontos de coleta de água e solo, programas e educação ambiental da população do entorno”, explica Vanhoni.
Tratamento de resíduos em SC u5s5m

Em meio à triste realidade constatada hoje no Brasil, Santa Catarina se destaca como referência na destinação e tratamento dos resíduos, segundo a gerente de engenharia da Veolia. “Nós temos, no estado, uma situação completamente diferente do restante do país, na qual podemos dizer que não temos lixões em operação devido a uma ação do Ministério Público Estadual com o Programa Lixo Nosso de Cada Dia”, explica Fernanda.
A Veolia, que é referência mundial em soluções para a gestão de água, resíduos e energia contribui para esse panorama e leva essa expertise a diversas cidades catarinenses, atendendo, com qualidade e segurança laboral e ambiental, serviços de coleta, transbordo, transporte, tratamento e disposição final de resíduos e efluentes. Os CGRs que istra em Santa Catarina são considerados exemplos em tecnologia, qualidade operacional e proteção ambiental no Brasil. Conheça cada um deles:
CGR Brusque 3s48k

Localizado no bairro Bateas, começou suas operações em 1997. Recebe resíduos sólidos urbanos de 15 municípios, sendo a média de recebimento mensal de 20 mil toneladas.
A unidade conta ainda com uma Central de Triagem de Resíduos Recicláveis, com uma Central de Tratamento de Resíduos de Saúde por autoclavagem, além de uma ETE (Estação de Tratamento de Efluentes) própria, toda automatizada.
O aterro da Recicle, em Brusque, faz parte de uma das principais empresas de limpeza urbana de Santa Catarina e possui contrato de concessão com as cidades de Araquari, Barra Velha, Balneário Piçarras, Brusque, Navegantes e Penha, para o serviço de coleta, transporte e tratamento de resíduos sólidos urbanos.
CGR Biguaçu 3k3xi

Localizado no bairro Estiva, possui entre suas principais atividades, a destinação final de resíduos domiciliares de pelo menos 23 municípios da Grande Florianópolis em aterro sanitário classe II (resíduos não perigosos). Atualmente, são recebidas e tratadas aproximadamente 1.500 toneladas de resíduos sólidos urbanos por dia. A destinação final de resíduos sólidos segue rigorosamente os padrões exigidos nas legislações ambientais e de engenharia, visando garantir a proteção ao meio ambiente e a eficiência da operação.
A unidade ainda conta com uma Estação de Tratamento de Efluente própria, Depósito Temporário de Resíduos Químicos, Central de Tratamento de Resíduos de Serviço de Saúde (RSS) através de autoclave (tratamento térmico que consiste em manter o material contaminado a uma temperatura elevada durante um período de tempo suficiente para destruir todos os agentes patogênicos), Tratamento de Resíduos de Saúde, além de um pátio de compostagem. Possui uma Usina Termoelétrica para geração de energia, a partir da queima do biogás, gerado da decomposição dos resíduos do aterro sanitário.
CGR Blumenau 3u2w6c

Criado em 1999, foi o primeiro aterro sanitário industrial licenciado em Santa Catarina. Desde então, atende todo o Estado, oferecendo soluções ambientalmente corretas e seguras para destinação final de resíduos com proteção ambiental. O aterro, classe I (resíduo perigoso) e classe II (resíduos não perigosos), recebe diariamente cerca de 750 toneladas de resíduos. Utiliza tecnologias modernas para o tratamento e disposição final dos resíduos, desde as análises laboratoriais realizadas na chegada do material, ando pelos tratamentos efetuados em diversos sistemas, até o monitoramento ambiental de toda a área do entorno. Além disso, possui Estação de Tratamento de Efluentes, Unidade de Blendagem para coprocessamento dos resíduos perigosos e Incineração de resíduos perigosos.
Possui um SGA (Sistema de Gestão Ambiental) que tem como meta manter a qualidade e o respeito à natureza nos processos, além do desenvolvimento sustentável em todas as suas ações. Preocupado com a qualidade de vida da população, o CGR Blumenau estimula programas sociais e aplica recursos em projetos educacionais, culturais, turísticos e assistenciais na comunidade. A comprovação deste compromisso ambiental e eficiência é a conquista em 2004 da certificação ISO 14001, que se mantém até hoje.